Quilombo Ana Laura

Onde:

Piracanjuba | GO

Quem faz:

Mariana Noelle

Ano:

2022

O município de Piracanjuba está localizado no interior do Estado de Goiás, a 87 km de Goiânia (capital do Estado) e caracteriza-se por ser um município com extensas áreas rurais dedicadas à monocultura. O território do município, no período colonial e imperial, foi habitado por negros afrodescendentes, histórico que dá origem ao Quilombo Ana Laura.  As lideranças quilombolas afirmam que Piracanjuba não tem quilombos, ela é um quilombo. Em 2015 o território foi reconhecido pela Fundação Cultural Palmares como área remanescente de Quilombo.

Organizados em uma associação desde 2012, o quilombo é constituído por aproximadamente 150 famílias e desenvolve várias ações para a preservação da cultura ancestral, contra o racismo e para a melhoria da qualidade de vida dos associados, em sua ampla maioria, descendente de escravos e quilombolas. A promoção da assistência social, desenvolvimento econômico, combate à pobreza, segurança alimentar e moradia são pautas presentes na luta da Associação, que possui 96 lotes destinados para a construção de unidades habitacionais de interesse social. Embora a existência dos lotes, a associação quilombola ainda dependia de uma assistência técnica para a elaboração dos projetos e execução das moradias. É nesta lacuna que entram as ações de ATHIS – Assistência Técnica de Habitação de Interesse Social patrocinadas pelo Conselho de Arquitetura e Urbanismo de Goiás.

O projeto de ATHIS proposto para o Quilombo Ana Laura em 2022, teve por objetivo prestar assessoria técnica em arquitetura e urbanismo para concepção de projetos habitacionais para famílias quilombolas. Para o desenvolvimento das ações, o projeto foi estruturado em três etapas, projeto preliminar, anteprojeto e projetos executivos e complementares.

Foram premissas do projeto a participação direta das famílias e o respeito à cultura. O projeto também previu a capacitação da associação e das famílias atendidas para a condução de processos autogestionários de habitação de interesse social e o estabelecimento de parcerias com órgãos públicos para viabilizar a execução das obras.

Na etapa de estudo preliminar, além da reunião preliminar com o Conselho de Arquitetura e Urbanismo, foram realizadas reuniões para a apresentação da proposta de trabalho para a Associação Quilombola e duas oficinas, sendo a primeira com  o objetivo de levantar as demandas e identificar possíveis soluções juntos com os moradores e a segunda oficina com o objetivo de promove a troca de experiências sobre as formas de morar com outras comunidades do país. A segunda etapa foi destinada para a elaboração e discussão dos projetos com as famílias e, na terceira etapa, após a aprovação dos projetos pela comunidade, foi prevista a realização de reuniões com representantes do poder público para identificar estratégias e parceiros para a execução das obras.

A história da comunidade pode ser acessada no livro A Verdade sobre a Escravidão Negra no Distrito Federal, disponível em  https://bancariosdf.com.br/portal/comissao-da-verdade-lanca-livro-a-verdade-sobre-a-escravidao-negra-no-df-e-entorno/

Ficha Técnica: