Fazendinha, um espaço comunitário para o Jardim Colombo

Onde:

Jardim Colombo, São Paulo, SP

Quem faz:

Fazendinhando, Arq. Futuro

Ano:

2022

O Fazendinhando é um instituto de transformação territorial, cultural e social que atua em territórios negligenciados pelo poder público e/ou vulneráveis, criado por e para moradores, por meio da recuperação de espaços públicos degradados e habitacionais, ações de arte e cultura, qualificação profissional e empreendedorismo social.

A favela do Jardim Colombo, localizada na zona oeste de São Paulo, é um lugar vibrante e dinâmico, mas com várias necessidades fundamentais. A paisagem é dominada por resíduos sólidos deixados nas ruas pelos moradores, por falta de uma solução melhor. O córrego, que atravessa todo o espaço, está poluído e em vários momentos passa por baixo das casas, causando alagamentos e problemas de saúde para os moradores.

Hoje abriga uma população de aproximadamente 5.000 famílias em uma área de 14,9 hectares, que integra o Complexo Paraisópolis, composto por quatro núcleos – Paraisópolis, Jardim Colombo, Porto Seguro e Pinheiral.  A comunidade não tem praça ou parque, mas tinha um lixão. Assim surgiu o primeiro desafio do Instituto: a partir de um pacto social, os moradores de Colombo, com apoio do Arq.Futuro e da União de Moradores, iniciaram uma mobilização para retirar dejetos e entulhos do terreno e transformá-lo em área verde.

A construção da Fazendinha está baseada em dois processos paralelos que se sustentam: Por um lado, temos a transformação física do terreno, que se baseia na limpeza do lixão e, seguindo o projeto desenvolvido a partir de um processo participativo, oferecendo um espaço de lazer com a infraestrutura necessária para isso, criando acessibilidade, vitalidade, identidade e resiliência. Por outro lado, a clareza de que desde o início esse espaço deve ser ocupado e apropriado pela comunidade. Para isso, foi realizado um programa de atividades baseado em arte, cultura e atividades socioambientais, com o objetivo de sensibilizar os moradores para questões como a importância do cuidado com o meio ambiente, o respeito e o trabalho coletivo, promovendo uma cultura de paz na comunidade do Jardim Colombo.

Por fim, entende-se que os espaços livres urbanos não devem ser pensados como soluções espaciais definitivas e preconcebidas, mas como atributos que esses espaços devem ter, para que permaneçam eternamente disponíveis para o processo participativo que ali encontra possibilidade, conforto, acolhimento, disponibilidade e qualidade estética, isto entendido como algo que é o contraponto do que se vê no cotidiano das comunidades, ou seja: se há escuridão ao redor, então pode haver luz; se predominam ambientes úmidos e insalubres, que há sol e calor; se o contexto urbano circundante é árido, que ali haja sombra; ou seja, fazer dos espaços livres adequados um passo inicial importante, um salto na qualidade urbana de que as comunidades tanto precisam.

Fotos: Ester Carro