Biblioteca Viva

Onde:

São Benedito, Macapá | AP

Quem faz:

Terceira Margem Arquitetura e Singularidades

Ano:

2019

O Ateliê de arquitetura Terceira Margem foi fundado em 2013 e desenvolve os seus trabalhos a partir de oficinas sensoriais, de pesquisa e metodologias participativas que tem como centralidade a questão sobre qual mundo queremos habitar. O ateliê parte do pressuposto de que apesar dos “habitantes terem intuições, incômodos, desejos, necessidades quando procuram alguém que possa ajudá-los a pensar os seus espaços, eles não sabem exatamente o que querem construir”. Para o Terceira Margem, os ambientes construídos não são neutros e ajudam a modelar os corpos e os modos de ser e de viver e, para avançar na perspectiva de propor o melhor espaço possível, investem na pesquisa como etapa que antecede ao projeto e nas oficinas sensoriais para a criação de soluções “menos automáticas e funcionalistas e mais poéticas e políticas.”

O projeto Biblioteca Semente Viva foi realizado na comunidade de São Benedito no Amapá, junto ao projeto Vaga-Lume, voltado para o empoderamento de crianças. Os integrantes da Terceira Margem visitaram a comunidade com o objetivo de compreender a problemática e reconhecer o território para compreender as reais demandas para o projeto e, a partir disso, elaborar de modo participativo as soluções.

Para atingir esses objetivos foram realizadas quatro oficinas sensoriais denominadas de Habitar Ar, Habitar Água, Habitar Fogo e Habitar Terra. Paralelamente foram realizados exercícios de pesquisa e reconhecimento do território.  Para o grupo da Terceira Margem, pensar a reforma da biblioteca é “também afirmar um certo mundo”.

Como resultado deste processo, a biblioteca passou a ser chamada de Biblioteca Semente Viva e ganhou outro terreno para a sua execução decorrente das novas demandas e possibilidades que surgiram a partir da imersão coletiva para a elaboração de uma proposta para o espaço da biblioteca. O espaço proposto, ganhou novos contornos de uso, ampliando seus modos de leitura a partir do acolhimento das mais diferentes posições de leitura e dos potencias do espaço para gerar renda.

O projeto parte de uma praça central que é estruturada por dois edifícios, os quais se conectam por passarelas. A vegetação está presente na proposta, tanto interna, como externamente. No pátio central foram colocadas plantas medicinais. Uma das edificações que estrutura o pátio central, de formato redondo, abriga as atividades do projeto Vaga-Lume, desenvolvido junto às crianças da comunidade. A outra edificação, de formato retangular, foi pensada para abrigar um espaço de estudos para jovens e adultos.  

Para o Terceira Margem, a etapa de construção vai além da execução da obra. Para o grupo trata-se de uma oportunidade de transformação comunitária, construção de autonomia e uma oportunidade para conhecer ecossistemas e culturas locais. Além disso “o construir” proporciona experiências coletivas que conectam os habitantes aos espaços construídos. A construção foi estruturada em etapas e na primeira foi prevista  a construção das fundações e as camadas iniciais das paredes de taipa-de-pilão, com o proposito de promover os aprendizados.

Ficha Técnica: