Arquitetura e urbanismo nas salas de aula da educação básica
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Realizado em parceria com professor, diretoria e com a Secretaria Estadual de Educação do Distrito Federal, o Projeto CAU nas Escolas leva profissionais de arquitetura e urbanismo para dentro das salas de aula de escolas públicas de ensino básico na periferia.

Na educação básica, existe uma lacuna quando se trata de ensino sobre questões ambientais urbanas, direitos, as regras e as formas de viver e mudar a cidade, ou até como uma calçada deve ser construída, a distância do ponto de ônibus e quantas árvores devem ter na minha vizinhança. Essa falta de conhecimento coloca a população, quando já adulta, em situação de não conhecimento.

De forma concreta, arquitetas já com suas vidas emaranhadas pelas institucionalidades da educação, como professora ou projetista de escolas, transformam suas aproximações individuais em um projeto que já chegou a três escolas públicas na periferia do DF (CEF 412 Samambaia, CED 11 Ceilândia e Guará) e se expande, articulado dentro do Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU), permitindo maior participação de outros profissionais, junto ao estado, entidades de arquitetura e atores políticos da região.

A proposta, que nasceu em 2021, é concomitante a uma proposta nacional organizada também através do conselho, o CAU Educa, que trabalha no mesmo campo, mas tem metodologia distinta e uma aproximação menos localizada e ativa às escolas.

A arquiteta e urbanista Larissa Cayres, coordenadora da comissão de ensino e formação do CAU/DF e uma das responsáveis pelo projeto, e o arquiteto e urbanista Ricardo Meira, presidente do CAU/DF contaram um pouco mais da atividade e de suas aspirações logo após o lançamento da cartilha CAU nas Escolas.

Quem faz parte? Quem constrói a iniciativa e por onde se articulam?

Hoje o projeto está dentro da Comissão de Ensino e Formação do CAU/DF – CEF-CAU/DF e da Câmara Temática CAU/DF, e por lá participam arquitetos e estudantes de arquitetura. Nas escolas a articulação pode ser via Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal – SEEDF, Regionais de Ensino ou diretamente com escolas interessadas, onde professores e alunos participam diretamente do projeto. E por um acordo com a SEEDF estará presente também no portal Nuvem GEAPLA (Gerência de Educação Patrimonial, Língua Estrangeira e Arte Educação) utilizado para acesso a atividades por professores da rede.

Quem já foi afetado? Onde acontecem as atividades?

O projeto que começou virtualmente, com o fim das restrições foi para dentro das escolas, e em 2023, com a exposição dos trabalhos feitos nas escolas na sede do CAU/DF, levou uma parte dos alunos para o CAU. A vivência essencial no ambiente escolar, e tantas questões relevantes desses encontros já ultrapassaram os participantes diretos, arquitetas e arquitetos, estudantes, professores e seus alunos, e se tornou uma discussão na pauta tanto das instituições de educação local como em instâncias nacionais de arquitetas e arquitetos.

Quais os objetivos do projeto e suas justificativas?

Como forma de intervir na relação cidade-habitação-cidadão desde as séries iniciais da educação básica, o projeto reafirma o objetivo de disseminar e valorizar a arquitetura na sociedade. As atividades articulam-se na medida em que se organizam comunidades, voltadas para a ação, partilhando valores, costumes e memória comum. E nesse processo, que se dá dentro de uma educação continuada, busca-se o reconhecimento por uma diversidade cultural própria e seu pertencimento à ela, falando de cidade, habitação, sociedade, comunidade, estética e patrimônio, com a mão na massa. O projeto por isso baseia-se também pelos princípios éticos, políticos e estéticos traçados pelas Diretrizes Nacionais da Educação Básica para uma formação humana integral e para a construção de uma sociedade justa, democrática e inclusiva.

Como é feito (técnicas e métodos)? Quem paga?

A metodologia utilizada é a colaborativa ou participativa porque envolve a integração de conselheiros, voluntários – arquitetos e estudantes de arquitetura, professores, coordenação, direção e alunos das escolas e aprendizagem baseada em projetos, onde o foco está na criação de soluções práticas e envolvimento direto com o contexto local. E é aplicada em 8 etapas são:

1 – Formação da equipe de profissionais e estudantes

2 – Estudo da localidade onde a escola está inserida, levantando questões chaves da região para trabalhar com alunos

3 – Apresentação do projeto para a direção da escola. A melhor forma de apresentação é utilizar os exemplos já executados.

4 – Apresentação para os professores. Esse é o ponto fundamental da implementação do projeto. Aqui é onde as ideias surgem e abre-se o espaço necessário para trabalhar.

5 – Seleção de atividades potenciais a serem executadas, baseada na reunião junto aos professores.

6 – Organização do calendário. É preciso seguir o calendário acadêmico da escola.

7 – Execução das atividades segundo o calendário.

8 – Fechamento do projeto. Exposição dos trabalhos dos alunos e outras atividades.

O processo envolve etapas claras de planejamento e implementação, que se assemelham à metodologia “Design Thinking”, especialmente pela importância dada ao entendimento da localidade e das necessidades específicas da escola, além da experimentação/prototipagem e ajuste das atividades conforme a colaboração com os professores.

Os materiais utilizados nas atividades vem tanto de doações da escola e comunidade, já como forma de interação, quanto de empenhos do CAU/DF, quando necessário.

A conexão entre conceito/ideia e realidade/prática é importante ao projeto, isso abre espaço para implementação de canteiros experimentais portáteis?

Sim. É um projeto participativo e a ideia de implementação de canteiros experimentais portáteis é fantástica, seria uma poderosa ferramenta educacional e social, que amplia a capacidade das faculdades de Arquitetura e Urbanismo de formar profissionais completos, socialmente responsáveis e tecnicamente competentes, além de promover uma maior interação e impacto positivo nas comunidades.

A presença de arquitetas e arquitetos no ensino básico pode estimular uma ampliação da BNCC com disciplinas específicas para atividade educacional básica para arquitetura?

A inserção de arquitetos na educação básica pode, sim, justificar a ampliação da BNCC com disciplinas focadas em arquitetura e urbanismo, especialmente se houver uma capacitação pedagógica específica (licenciatura) para esses profissionais. Essa integração traria benefícios significativos para o desenvolvimento integral dos alunos, incentivando habilidades práticas e cognitivas, ao mesmo tempo que abriria novas possibilidades de atuação profissional para os arquitetos no campo educacional.

A presença de arquitetas e arquitetos na escola pode ser percebida como uma expansão ao acesso a direitos?

Assim como profissionais de saúde, justiça e segurança promovem o conhecimento e a defesa de direitos fundamentais atuando em projetos escolares, arquitetos inseridos no ensino básico podem desempenhar um papel transformador na educação para o direito a espaços adequados. Ao aumentar a conscientização sobre a importância de escolas, residências e cidades bem planejadas, expõem os alunos à possibilidade de participar ativamente da construção de ambientes mais justos, inclusivos e saudáveis, promovendo, assim, uma cidadania mais consciente e ativa no campo do urbanismo e da habitação.

É possível ter arquitetura em uma rede com 840 escolas e 450 mil alunos? E Como?

A expansão do ensino de arquitetura na rede de educação é, não só positiva, mas também necessária, por contribuir para uma formação mais completa dos alunos e para o fortalecimento da cidadania. No entanto, essa expansão só pode acontecer se planejada em diferentes escalas (local, regional e nacional), capacitando professores, adaptando currículos e se adequando a contextos locais, com o potencial de transformar como as novas gerações interagem e se relacionam com o espaço que as cerca. Uma pauta possível deveria passar por:

1) Escala local (escolas, regionais, cidades ou municípios)

a. Flexibilidade e experimentação;

b. Engajamento comunitário;

c. Colaboração com universidades e profissionais locais.

2) Escala Regional (Estados ou Regiões Metropolitanas)

a. Ajuste às demandas regionais;

b. Integração com políticas públicas;

c. Criação de conteúdos regionais.

3) Escala Nacional

a. Inclusão no currículo básico;

b. Educação para o direito à cidade;

c. Formação de professores especializados.

O projeto está disponível no site do CAU/DF (https://www.caudf.gov.br/caudfnasescolas/). As escolas públicas do Distrito Federal de Ensino Básico podem participar. Basta entrar em contato com o CAU/DF.
Os arquitetos e estudantes que quiserem se voluntariar também podem contatar o Conselho.

0800 883 0113 – de segunda a sexta-feira, das 9h às 19h.
(ligações realizadas a partir de telefones fixos)

4007-2613 – de segunda a sexta-feira, das 9h às 19h.
(ligações realizadas a partir de telefones celulares)

(61) 99138-8442 – de segunda a sexta-feira, das 9h às 17h. (whatsapp – somente mensagens)

www.caudf.gov.br

Após assinatura do termo com a SEEDF, estará disponível também na Nuvem GEAPLA https://nuvemgeapla.my.canva.site/parceriaspedagogicas 

Fotos: Acervo CAU/DF