Cristiana Souza nasceu com uma condição rara que ela transformou em ideal para melhorar a experiência do brincar para milhares de crianças e que acabou mudando também o lazer na cidade de Jaraguá do Sul (SC). “Apesar da síndrome de brida congênita, eu tive uma infância muito feliz, cercada de amigos e uma família muito carinhosa”, conta a arquiteta.
O desafio iniciou na graduação em Arquitetura e Urbanismo como trabalho de conclusão de curso. “Por querer provar que, nós, pessoas com deficiência, podemos ter uma vida normal e merecemos viver em um mundo pensado e criado para todos, decidi estudar arquitetura e urbanismo”, revela. Ela começou a trabalhar no desenvolvimento de dois equipamentos que permitem a utilização acessível e que estão no rol dos preferidos da criançada: o balanço e a gangorra.
Mas, foi além ao ser desafiada pela professora a indicar em qual local a instalação seria mais adequada. Foi aí que, a partir da análise da geografia e da malha urbana, Cristiana estruturou o projeto do Parque Linear Ilha da Figueira, com foco em acessibilidade para todos. O conceito adotado é o de urbanismo acessível, baseado no desenho universal. O plano contempla pistas de caminhada, ciclovias, quadras esportivas, hortas comunitárias e áreas de convivência, com a premissa de garantir autonomia no uso dos espaços públicos.
“O urbanismo acessível não é só rampa e piso tátil. É pensar a cidade para todas as pessoas”, explica Cristiana. Em 2019, a primeira etapa do projeto foi implementada com a inauguração do Parque Via Verde, resultado de um esforço intersetorial que envolveu órgãos públicos como a fundação do meio ambiente, o Ministério Público e outros setores da sociedade.
O balanço e a gangorra criados por Cristiana também foram patenteados e podem agora ser replicados em outras cidades. A proposta completa, apresentada no TCC, está em processo de implantação pela Prefeitura catarinense. Cada brinquedo desenvolvido possui certificado próprio, ampliando as possibilidades de inclusão em diferentes contextos urbanos.